terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Palavras ao computador. É importante saber quem você é, como se sente e age. É importante desabafar mesmo que ninguém ouça, Deus sempre ouvirá.

Recomendo a leitura do livro O monge e o executivo. É um livro marcante. Gosto de livros que nos fazem repensar nossas ações e sentimentos, que nos ajudam a crescer.
Não queria começar a postagem assim, mas já foi e não vou apagar...
Estou resfriada. Minha garganta começou a doer no sábado. Eu iria para a Igreja no sábado, mas preferi ficar em casa. No domingo eu ia à casa de minha tia, mas acordei meio mole, um pouco febril, fiquei em casa novamente. Segunda foi feriado, fiquei entediada. Notei que tenho tido muitos pensamentos luxuriosos. Isso é assustador! Hoje é terça, corri um pouco pela manhã para tentar me reerguer, me purificar. Estava sentindo umas energias estranhas e perturbadoras. Estou melhor agora. Estou escrevendo isso no laboratório da Faculdade da Terra de Brasília. Li a última postagem do blog dele. Ainda não sei o que sinto por ele. Ainda estou a procura de emprego. Semana passada trabalhei na feira do livro. Foi muito cansativo! Entrava às 9h e saía às 22h! Foi uma experiência boa e resalto: cansativa. Agora não sei bem o que fazer... Neste fim de semana tem a prova do ENEM. Ah! Comprei várias revistas e alguns livros na Feira do Livro. Estou um pouco ansiosa para começar a ler o livro de Ramatis, Fisiologia da alma. Parece que é sobre o efeito do alcoolismo e alimentação carnívora, entre outros. Parece que Ramatis é um espírito evoluído. Deve ser uma obra psicografada. Bom... Encontrei uma amiga esses dias. Uma que se mudou. Ela estava de carro com o namorado dela. Ela disse que eu engordei. Acho que pela primeira vez não fiquei incomodada com isso. Isso costumava me aborrecer... Perguntou se eu estava namorando. A resposta foi a mesma de sempre. Ela disse que era porque eu não queria. Fiquei intrigada por algum tempo. Mas ela logo se despediu. Eu estava indo comprar açúcar. Nossa! O açúcar está caro! Por enquanto estou decidida a fazer administração. Se eu conseguir trancar ou mudar o curso que eu abandonei. Eu costumava achar que ninguém me entendia. Isso não me aborrece mais, eu acho. Acho que nem eu me entendo. Esses dias li uma frase bem interessante que já tinha lido outras vezes, mas parece que veio na hora certa: "Para quem não sabe aonde quer ir qualquer caminho serve." A frase é mais ou menos isso, mas não sei quem é o seu autor. Ontem recebi uma iluminação. Fiz uma música para louvar a Deus. Meu coração ficou contente. Queria colcar uma melodia, embora eu não saiba tocar. Queria uma corda ré para o meu violão. Tenho duas cordas de cada, e nehuma ré!
Alguém aí quer trocar, vender ou emprestar? Pode ser de presente também... Esquece. Acho que fiz isso para pensar que alguém se importa. Na verdade alguém se importa! Deus é nossa salvação, o nosso caminho, a luz que nos guia, nos ilumina e proteje. Muito obrigada! Não consigo mais me cortar, nem beber, nem fumar. Já não quero me matar. Isso não é solução. É engano. E só provoca mais dor, fortalece o ego e nos afasta de Deus. Conversei com algumas freiras na Feira do Livro, tinha um estande delas. Irmãs Paulinas. Elas foram muito gentis. Deram-me alguns materiais, em breve nos encontraremos. Inclusive disseram que vai ter convivência vocacional de jovens em fevereiro. Eu quero ir. Andei pensando muito em ser freira. Minha conclusão é adiar isso. Quero ajudar a minha mãe agora. Quando meu irmão estiver trabalhando eu poderei ir. Em relação ao trabalho, parece que só o Mac Donalts (é assim que escreve?) me aceitou. Ainda tenho que fazer alguns exames e levar lá. Será que ainda aceitarão com uma semana de atraso? Eu sei. Descobri que sou um lixo. Egoísta e mimada. Às vezes me sinto perdida, suja e abandonada. Às vezes percebo que isso é uma manifestação do ego. Às vezes me sinto muito carente. Mas se isso acontece é porque eu me permiti ficar assim. Há pouco tempo em uma noite dessas, um amigo me ligou. Queria encontrar-se comigo, na verdade, acho que suas reais intenções foram claras. Para mim isso é pecado. Até no casamento comete-se pecado. A menos que eu me case com alguém da Igreja que frequento. Faz tempo que não vou lá... Que pena! Minha mãe fica preocupada porque eu chego tarde. E estou tentando economizar dinheiro porque ainda não estou trabalhando. Não que eu tenha que ser esbanjadora quando estiver trabalhando... Enfim... Segundo o livro que mencionei no começo, "o amor é a melhor religião exequível". É melhor amar que ir à igreja. Cuidade com o conceito de amor! Segundo o livro, o amor é o que amor faz. Não é um sentimento, é um comportamento, são atitudes para com o próximo. Entre as quais está servir, identificar e satisfazer as necessidades alheias, perdoar, respeitar, ser humilde, atencioso. Amar é se doar. Achei isso muito lindo! Se estamos aqui para evoluir, devemos nos desapegar. O apego é do ego, da falsa personalidade que adquirimos. Só o verdadeiro amor liberta, ilumina, constrói. Só ajudando aos outros, nos doando, podemos ser úteis, fazer com que nossa vida seja inspiradora, plena e dotada de sentido. Que Deus nos ilumine, nos guie, nos proteja, nos ajude a morrer e a ressucitar. Amém!

sábado, 11 de julho de 2009

Na minha pele.

Aqui está o meu sangue!
Estas palavras representam a minha frustração.
Quase tatuei o seu nome na minha pele.

Agora só há espaço para o céu (em minha pele).
Desenho com a lâmina.
Pinto com sangue.
Meu sangue, não mais o teu.

O beijo que nunca demos.
Promessas que nuna fizemos.
Cada um com a sua dor.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A pérola e a ostra.

É Michelle! Eu acho que ele não gosta de você!
Admita! Por mais que você trema ao lado dele.
Por mais que você sinta ciúme. Ou que só queira o bem dele.
Não há espaço para você. Ele ainda gosta dela. Ou talvez só esteja com o orgulho ferido.
Talvez só esteja muito ferido, muito confuso.
(...)
O que você sente por ele?
Por que se preocupa com ele? Será que você conseguirá abrir a ostra e ser presenteada com uma pérola? Você está entrando em uma caverna atraída pelo barulho das águas. Será que são águas mesmo? Ou será o canto da Iara te empurrando para o abismo?

Você espera por ele, mas será que ele espera por você? Você sonha com ele, mas será que ele sonha com você? Às vezes ele parece tão distante, tão perdido, longe de você. Imagina se você fosse mãe dos filhos dele? Logo você! Será que abortaria? Abortaria os filhos dele? Você tem medo do que você sente? E ele, tem medo de quê?
Mas se ele não gosta de você, por que não diz logo? O que será que ele vai dizer?
...

terça-feira, 30 de junho de 2009

A mensagem perdida no oceano.

Você é como o oceano.
O vento passa àspero
e você responde com violência.
Mas continua azul como sempre.
Esconde as ossaduras dos mortos
e as moedas de ouro.
Os outros estão alheios
ao que se passa aí dentro.

Procuro, talvez,
uma mensagem em uma garrafa de vidro.
Um mapa do seu coração.
Para secar suas lágrimas
e te fazer uma canção.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Permanecer

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.


[Eugénio de Andrade]

A história de amor por trás do Taj Mahal.


Uma das 7 maravilhas do mundo. O Taj Mahal, é não mais do que uma ode ao amor e representa toda a eloquência que este sentimento pode ser. Durante séculos, o Taj Mahal inspirou poetas, pintores e músicos que tentaram capturar a sua magia em palavras, cores e música.

Era uma vez um príncipe chamado Kurram que se enamorou por uma princesa aos 15 anos de idade. Reza a história que se cruzaram acidentalmente mas seus destinos ficaram unidos para todo o sempre. Após uma espera de 5 anos, durante os quais não se puderam ver uma única vez, a cerimónia do casamento teve lugar do ano de 1612, na qual o imperador a rebaptizou de Mumtaz Mahal ou "A eleita do palácio". O Príncipe, foi coroado em 1628 com o nome Shah Jahan, "O Rei do mundo" e governou em paz.

Quis o destino que Mumtaz não fosse rainha por muito tempo. Ao dar à luz o 14º filho de Shah Jahan, morreu aos aos 39 anos em 1631. O Imperador ficou tremendamente desgostoso e inconsolável e, segundo crónicas posteriores, toda a corte chorou a morte da rainha durante 2 anos. Durante esse período, não houve musica, festas ou celebrações de espécie alguma em todo o reino.

Shah Jahan ordenou então que fosse construído um monumento sem igual, para que o mundo jamais pudesse esquecer. Não se sabe ao certo quem foi o arquitecto, mas reuniram-se em Agra as maiores riquezas do mundo. O mármore fino e branco das pedreiras locais, Jade e cristal da China, Turquesa do Tibet, Lapis Lazulis do Afeganistão, Ágatas do Yemen, Safiras do Ceilão, Ametistas da Pérsia, Corais da Arábia Saudita, Quartzo dos Himalaias, Ambar do Oceano Índico.

Surge assim o Taj Mahal. O seu nome é uma variação curta de Mumtaz Mahal.. o nome da mulher cuja a memória preserva. O nome "Taj", é de origem Persa, que significa Coroa. "Mahal" é arábico e significa lugar. Devidamente enquadrado num jardim simétrico, tipicamente muçulmano, dividido em quadrados iguais cruzado por um canal ladeado de ciprestes onde se reflecte a sua imagem mais imponente. Por dentro, o mausoléu é também impressionante e deslumbrante. Na penumbra, a câmara mortuária está rodeada por finas paredes de mármore incrustado com pedras preciosas que forma uma cortina de milhares de cores. A sonoridade do interior, amplo e elevado é triste e misterioso, como um eco que soa e ressoa sem nunca se deter.

Diz-se que o imperador Shah Jahan queria construir também o seu próprio mausoléu. Este seria do outro lado do rio. Muito mais deslumbrante, muito mais caro, todo em mármore preto, que seria posteriormente unido com o Taj Mahal através de uma ponte de ouro. Tal empreendimento nunca chegou a ser levado a cabo. Após perder o poder, o imperador foi encarcerado no seu palácio e, a partir dos seus alojamentos, contemplou a sua grande obra até à morte. O Taj Mahal foi, por fim, o refúgio eterno de Shah Jahan e Mumtaz Mahal. Posteriormente, o imperador foi sepultado ao lado da sua esposa, sendo esta a única quebra na perfeita simetria de todo o complexo do Taj Mahal.

Após quase quatro séculos, milhões de visitantes continuam a reter a sua aura romântica... o Taj Mahal, será para todo o sempre um lágrima solitária no tempo.


Fonte:
http://blog.uncovering.org/archives/2005/08/taj_mahal.html

sábado, 2 de maio de 2009

.Imaginário.

Imaginário
Seu vocabulário em meu tom
Imaginário
Seu horário em minha espera

Hilário
Sua graça em meu humor
Dicionário
Suas palavras em minha boca

Vocabulário
Suas gírias em minha escrita
Horário
Suas espera em minhas linhas.

Relicário
Te adorar em segredo
Imaginário
Você em mim



.:[Iuri Bermudes]:.



http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=38869746

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

MAYSA Ne Me Quitte Pas(Jacques Brel).

  Ne me quitte pasIl faut oublierTout peut s'oublierQui s'enfuit déjàOublier le tempsDes malentendusEt le temps perduA savoir commentOublier ces heuresQui tuaient parfoisA coups de pourquoiLe coeur du bonheureNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasMoi je t'offriraiDes perles de pluieVenues de paysOù il ne pleut pasJe creuserai la terreJusqu'aprè ma mortPour couvrir ton corpsD'or et de lumièreJe ferai un domaineOù l'amour sera roiOù l'amour sera loiOù tu seras reineNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasJe t'inventeraiDes mots insensésQue tu comprendrasJe te parleraiDe ces amants-làQui ont vue deux foisLeurs coeurs s'embraserJe te racontraiL'histoire de ce roiMort de n'avoir pasPu te rencontrerNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasOn a vu souventRejaillir le feuDe l'ancien volcanQu'on croyait trop vieuxIl est paraît-ilDes terres brûléesDonnant plus de bléQu'un meilleur avrilEt quand vient le soirPour qu'un ciel flamboieLe rouge et le noirNe s'épousent-ils pasNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasJe ne vais plus pleurerJe ne vais plus parlerJe me cacherai làA te regarderDanser et sourireEt à t'écouterChanter et puis rireLaisse-moi devenirL'ombre de ton ombreL'ombre de ta mainL'ombre de ton chienNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasNe me quitte pasTradução:Não me Deixes. Não me deixes,Não me deixes,É preciso esquecer,Tudo se pode esquecerQue já para trás ficou.Esquecer o tempo dos mal-entendidosE o tempo perdido a querer saber comoEsquecer essas horas,Que de tantos porquês,Por vezes matavam a última felicidade.Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes.Te oferecereiPérolas de chuvaVindas de paísesOnde nunca chove;Escavarei a terraAté depois da morte,Para cobrir teu corpoCom ouro, com luzes.Criarei um paísOnde o amor será rei,Onde o amor será leiE você a rainha.Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes.Te InventareiPalavras absurdasQue você compreenderá;Te falareiDaqueles amantesQue viram de novoSeus corações ateados;Te contareiA história daquele rei,Que morreu por não terPodido te conhecer.Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes.Quantas vezes não se reacendeu o fogoDo antigo vulcãoQue julgávamos velho?Até há quem faleDe terras queimadasA produzir mais trigo;Que a melhor primaveraÉ quando a tarde cai,Vê como o vermelho e o negroSe casamPara que o céu se inflame.Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes.Não vou chorar mais,Não vou falar mais,Escondo-me aquiPara te verDançar e sorrir,Para te ouvirCantar e rir.Deixa-me ser a sombra da tua sombra,A sombra da tua mão,A sombra do teu cão.Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes,Não me deixes. 

"O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração."

Este blog estava mesmo abandonado.
Mas é que não havia mais o que comentar.
Sabia mesmo que não iria durar.
Mas a surpresa me paralisou a atmosfera.

Tudo bem gostar de mais alguém,
Já que a distância é uma fera.
Mas mostrar-se em imagens
Entre beijos a abraços,
Nossa relação não é mais como era.

Não se culpe,
Não culpo te.
A barreira do tempo,
A barreira do espaço,
Não pudemos contornar.
Voltamos a ser o que fomos:
Dois estranhos tentando se encontrar.
Dois vagabundos com medo do mundo,
Vagando em becos sujos,
Labirintos profundos e profanos,
Com as cabeças baixas à procura de luz... 

Cecíलिया मिरेलेस.

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Balada das dez bailarinas do cassino


Dez bailarinas deslizam
por um chão de espelho.
Têm corpos egípcios com placas douradas,
pálpebras azuis e dedos vermelhos.
Levantam véus brancos, de ingênuos aromas,
e dobram amarelos joelhos.


Andam as dez bailarinas
sem voz, em redor das mesas.
Há mãos sobre facas, dentes sobre flores
e com os charutos toldam as luzes acesas.
Entre a música e a dança escorre
uma sedosa escada de vileza.


As dez bailarinas avançam
como gafanhotos perdidos.
Avançam, recuam, na sala compacta,
empurrando olhares e arranhando o ruído.
Tão nuas se sentem que já vão cobertas
de imaginários, chorosos vestidos.


A dez bailarinas escondem
nos cílios verdes as pupilas.
Em seus quadris fosforescentes,
passa uma faixa de morte tranqüila.
Como quem leva para a terra um filho morto,
levam seu próprio corpo, que baila e cintila.


Os homens gordos olham com um tédio enorme
as dez bailarinas tão frias.
Pobres serpentes sem luxúria,
que são crianças, durante o dia.
Dez anjos anêmicos, de axilas profundas,
embalsamados de melancolia.


Vão perpassando como dez múmias,
as bailarinas fatigadas.
Ramo de nardos inclinando flores
azuis, brancas, verdes, douradas.
Dez mães chorariam, se vissem
as bailarinas de mãos dadas.


(in Mar Absoluto e outros poemas: Retrato Natural. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1983.)



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Lamento do oficial por seu cavalo morto


Nós merecemos a morte,
porque somos humanos
e a guerra é feita pelas nossas mãos,
pelo nossa cabeça embrulhada em séculos de sombra,
por nosso sangue estranho e instável, pelas ordens
que trazemos por dentro, e ficam sem explicação.


Criamos o fogo, a velocidade, a nova alquimia,
os cálculos do gesto,
embora sabendo que somos irmãos.
Temos até os átomos por cúmplices, e que pecados
de ciência, pelo mar, pelas nuvens, nos astros!
Que delírio sem Deus, nossa imaginação!


E aqui morreste! Oh, tua morte é a minha, que, enganada,
recebes. Não te queixas. Não pensas. Não sabes. Indigno,
ver parar, pelo meu, teu inofensivo coração.
Animal encantado - melhor que nós todos!
- que tinhas tu com este mundo
dos homens?


Aprendias a vida, plácida e pura, e entrelaçada
em carne e sonho, que os teus olhos decifravam...


Rei das planícies verdes, com rios trêmulos de relinchos...


Como vieste morrer por um que mata seus irmãos!


(in Mar Absoluto e outros poemas: Retrato Natural. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1983.)



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Canção


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar


Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

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Murmúrio


Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.


Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.


Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!



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Canção


No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.


Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto


Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.


Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.


E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.

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4o. Motivo da rosa


Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.


Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.


Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.


E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

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Serenata


Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.


Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.


Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

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Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

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Discurso


E aqui estou, cantando.


Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.


Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes
andaram.


Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.


Pois aqui estou, cantando.


Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?


Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?



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Retrato


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?



Fonte:http://www.revista.agulha.nom.br

terça-feira, 14 de outubro de 2008

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Chuva.

Bateu o Amor à porta da Loucura

“Bateu o Amor à porta da Loucura:

Deixa-me entrar, pediu, sou teu irmão,

Só tu me limparás da lama escura

A que me conduziu minha paixão!



A loucura desdenha em recebê-lo

Sabendo quanto amor vive de engano

Mas estarrece de surpresa ao vê-lo,

Assim, de humano que era, tão desumano.

(...) (Carlos Drummond de Andrade)

http://pessoal.educacional.com.br/up/4380001/1434835/t135.asp

Se me foi negado o amor, por que,

então, amanhece; por que sussurra

o vento do sul entre as folhas recém nascidas?

Se me foi negado o amor, por que,

então, a meia noite entristece,

com nostálgico silêncio, as estrelas?

E por que este tolo coração continua,

esperançoso e louco, espreitando o mar infinito?

Rabindranath Tagore

Romantismo no Brasil.

Introdução
O romantismo é todo um período cultural, artístico e literário que se inicia na Europa no final do século XVIII, espalhando-se pelo mundo até o final do século XIX.

O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o romantismo ganha força como em nenhum outro país e, através dos artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela Europa e pela América.
As características principais deste período são : valorização das emoções, liberdade de criação, amor platônico, temas religiosos, individualismo, nacionalismo e história. Este período foi fortemente influenciado pelos ideais do iluminismo e pela liberdade conquistada na Revolução Francesa.

Artes Plásticas
Nas artes plásticas, o romantismo deixou importantes marcas. Artistas como o espanhol Francisco Goya e o francês Eugène Delacroix são os maiores representantes da pintura desta fase. Estes artistas representavam a natureza, os problemas sociais e urbanos, valorizavam as emoções e os sentimentos em suas obras de arte. Na Alemanha, podemos destacar as obras místicas de Caspar David Friedrich, enquanto na Inglaterra John Constable traçava obras com forte crítica à urbanização e aos problemas gerados pela Revolução Industrial.

Literatura
Foi através da poesia lírica que o romantismo ganhou formato na literatura dos séculos XVIII e XIX. Os poetas românticos usavam e abusavam das metáforas, palavras estrangeiras, frases diretas e comparações. Os principais temas abordados eram : amores platônicos, acontecimentos históricos nacionais, a morte e seus mistérios. As principais obras românticas são: Cantos e Inocência do poeta inglês William Blake, Os Sofrimentos do Jovem Werther e Fausto do alemão Goethe, Baladas Líricas do inglês William Wordsworth e diversas poesias de Lord Byron. Na França, destaca-se Os Miseráveis de Victor Hugo e Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas.

Música
Na música ocorre a valorização da liberdade de expressão, das emoções e a utilização de todos os recursos da orquestra. Os assuntos de cunho popular, folclórico e nacionalista ganham importância nas músicas.
Podemos destacar como músicos deste período: Ludwig van Beethoven (suas últimas obras são consideradas românticas), Franz Schubert, Carl Maria von Weber, Felix Mendelssohn, Frédéric Chopin, Robert Schumann, Hector Berlioz, Franz Liszt e Richard Wagner.

Teatro
Na dramaturgia o romantismo se manifesta valorizando a religiosidade, o individualismo, o cotidiano, a subjetividade e a obra de William Shakespeare. Os dois dramaturgos mais conhecidos desta época foram Goethe e Friedrich von Schiller. Victor Hugo também merece destaque, pois levou várias inovações ao teatro. Em Portugal, podemos destacar o teatro de Almeida Garrett.


O ROMANTISMO NO BRASIL
Em nossa terra, inicia-se em 1836 com a publicação, na França, da Nictheroy - Revista Brasiliense, por Gonçalves de Magalhães. Neste período, nosso país ainda vivia sob a euforia da Independência do Brasil. Os artistas brasileiros buscaram sua fonte de inspiração na natureza e nas questões sociais e políticas do pais. As obras brasileiras valorizavam o amor sofrido, a religiosidade cristã, a importância de nossa natureza, a formação histórica do nosso pais e o cotidiano popular.

Artes Plásticas
As obras dos pintores brasileiros buscavam valorizar o nacionalismo, retratando fatos históricos importantes. Desta forma, os artistas contribuíam para a formação de uma identidade nacional. As obras principais deste período são : A Batalha do Avaí de Pedro Américo e A Batalha de Guararapes de Victor Meirelles.

Literatura romântica brasileira
No ano de 1836 é publicado no Brasil Suspiros Poéticos e Saudades de Gonçalves de Magalhães. Esse é considerado o ponto de largada deste período na literatura de nosso país. Essa fase literária foi composta de três gerações:

1ª Geração - conhecida também como nacionalista ou indianista, pois os escritores desta fase valorizaram muito os temas nacionais, fatos históricos e a vida do índio, que era apresentado como " bom selvagem" e, portanto, o símbolo cultural do Brasil. Destaca-se nesta fase os seguintes escritores : Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Araújo Porto Alegre e Teixeira e Souza.

2ª Geração - conhecida como Mal do século, Byroniana ou fase ultra-romântica. Os escritores desta época retratavam os temas amorosos levados ao extremo e as poesias são marcadas por um profundo pessimismo, valorização da morte, tristeza e uma visão decadente da vida e da sociedade. Muitos escritores deste período morreram ainda jovens. Podemos destacar os seguintes escritores desta fase : Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.

3ª Geração - conhecida como geração condoreira, poesia social ou hugoana. textos marcados por crítica social. Castro Alves, o maior representante desta fase, criticou de forma direta a escravidão no poema Navio Negreiro.

Música Romântica no Brasil
A emoção, o amor e a liberdade de viver são os valores retratados nas músicas desta fase. O nacionalismo, nosso folclore e assuntos populares servem de inspiração para os músicos. O Guarani de Carlos Gomes é a obra musical de maior importância desta época.

Teatro
Assim como na música e na literatura os temas do cotidiano, o individualismo, o nacionalismo e a religiosidade também aparecem na dramaturgia brasileira desta época. Em 1838, é encenada a primeira tragédia de Gonçalves de Magalhães : Antônio José, ou o Poeta e a Inquisição. Também podemos destacar a peça O Noviço de Martins Pena.

Fonte:
http://www.suapesquisa.com/romantismo/romantismo.htm

O amor nos aproxima.

Por que as pessoas gritam
(Mahatma Gandhi)

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos: Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas? - Gritamos porque perdemos a calma, disse um deles. Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? Questionou novamente o pensador. Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça, retrucou outro discípulo. E o mestre volta a perguntar: - Então não é possível falar-lhe em voz baixa? Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador. Então ele esclareceu: Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecida? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas. Por fim, o pensador conclui, dizendo:'Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.

domingo, 5 de outubro de 2008

O Romantismo no Brasil

O Romantismo brasileiro tem início em 1836, 14 anos depois da proclamação da independência, quando, por ironia do destino, em Paris, Domingos J. Gonçalves de Magalhães publica os "Suspiros Poéticos e Saudades". Por isso, pode-se dizer que o Romantismo brasileiro nasceu, oficialmente, na França sob um clima Romântico já fortalecido.

No momento em que nascia o Romantismo brasileiro o país passava por muitas transformações sociais. O Brasil tornou-se independente de Portugal em 1822. Logo depois, em 1831, D. Pedro I abdicou ao trono em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, para combater o governo absolutista imposto em Portugal por seu irmão D. Miguel. Na época, Pedro de Alcântara (D. Pedro II) tinha apenas 5 anos e só poderia assumir o governo ao completar 18 anos. Até lá o poder ficaria nas mãos de um conselho eleito pela Assembléia Legislativa.


Em 1840 os liberais, por meio de uma manobra política, anteciparam a maioridade de D. Pedro II de 18 para 15 anos. Dessa forma, teve inicio o segundo reinado, que durou até 1889, quando foi proclamada a República. Essa fase, em que o país enfrentou uma série de dificuldades econômicas, foi marcada pelos seguintes acontecimentos:

Café - Em razão da decadência do ouro e das lavouras tradicionais (açúcar, algodão e tabaco), o café passou a ser exportado em larga escala. Esse aumento na exportação começou por volta de 1776, quando os EUA passaram a importar o produto brasileiro para livrar-se de vez da Inglaterra. A economia passou a girar quase exclusivamente em torno da produção cafeeira, trazendo riqueza para os cafeicultores e miséria para a maioria do povo. Nessa época, com capital inglês foram construídas ferrovias e indústrias e os portos foram aparelhados, gerando uma dívida de cerca de 60 milhões de libras. A economia do país só ficou estável em razão da elevação da taxa de importação para produtos ingleses, que subiu de 15 para 30%.

A Guerra do Paraguai - Luta armada entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai. Os motivos da guerra giraram em torno da independência econômica paraguaia, que representava uma ameaça para os ingleses. Como o Brasil e a Argentina tinham o interesse em algumas terras paraguaias, só faltava o estopim para deflagrar a guerra. Isso ocorreu quando Solano López, governador paraguaio, rompeu relações com o Brasil e invadiu o Mato Grosso, tentando adquirir a soberania sobre o lugar. O saldo da guerra, que teve como vencedora a Inglaterra, pois não participou da luta e ainda ampliou seu domínio econômico na América do Sul, foi o seguinte: mais da metade da população paraguaia foi exterminada; as terras do Paraguai foram vendidas para estrangeiros e o povo que restou teve de pagar altas taxas para poder trabalhar em suas antigas propriedades. Brasil e Argentina conseguiram as terras pretendidas, mas aumentaram suas dívidas com a Inglaterra.



Fim da escravidão - Depois da independência do Brasil os movimentos contra a escravidão cresceram muito. Eles apoiaram-se na tese de que não se poderia construir um país livre mantendo-se a população dividida em homens livres e escravos. A Inglaterra, que aboliu a escravidão nas suas colônias em 1833, começou a pressionar o Brasil para que também abolisse a escravatura.
Gesto de bondade?

Nada disso. Depois da consolidação do capitalismo, com a Revolução Industrial, era necessário a formação de novos mercados consumidores e, como escravo não compra, era preciso mão-de-obra assalariada. Apesar de toda a pressão inglesa, a abolição da escravidão deu-se apenas em 1888, quando a princesa Isabel assinou a Lei Áurea.

Chegada dos imigrantes - A abolição da escravidão pôs fim à estrutura do sistema colonial. A mão-de-obra escrava foi substituída, em parte, pela mão-de-obra assalariada dos imigrantes europeus, que em sua maioria era composta por italianos e portugueses.

A indústria - A princípio, a abertura dos portos, aliada a uma série de fatores como a deficiência de energia, a elevação de tarifas alfandegárias etc., dificultaram o crescimento da indústria nacional. Somente no fim do Império é que se investiu nesse ramo da economia e a indústria começou a crescer.

O Romantismo no Brasil é considerado por muitos estudiosos o verdadeiro início da literatura brasileira. Essa tese gera muita polêmica, pois não podemos esquecer que, antes do movimento romântico, o Brasil teve escritores de destaque como o árcade Antônio Tomás de Gonzaga, Gregório de Mattos (o boca do inferno) e até mesmo o Padre José de Anchieta. No entanto, ela é sustentada porque, até antes do movimento romântico, o Brasil ainda não tinha liberdade de imprensa e, conseqüentemente, não tinha público leitor.

Para muitos estudiosos isso já seria o bastante, pois literatura sem público leitor não é literatura. Porém, a defesa dessa tese é engrossada por dois fatos significativos: o Brasil ainda estava sob dominação portuguesa e todos os nossos intelectuais iam à Europa em busca de formação superior. Ao retornar ao país estavam naturalmente influenciados pelas idéias que corriam na Europa.
Esse panorama só começou a ser mudado quando a Família Real veio para o Brasil, em 1808, e o Rio de Janeiro passou por um processo de urbanização. Mas foi com a Proclamação da Independência, em 1822, que homem brasileiro passou a sentir necessidade de varrer para sempre a imagem do português conquistador e auto-afirmar-se membro de uma nova nação que estava se formando.
Não importa aqui levantar argumentos para se considerar ou não se o Romantismo é o verdadeiro marco inicial de uma literatura genuinamente nacional.

O importante é destacar que nesse período houve o barateamento do papel e a difusão da imprensa. Isso permitiu que os livros, jornais e revistas fossem mais acessíveis ao público e, conseqüentemente, a circulação aumentasse.
Além disso, nessa época, o brasileiro estava inquieto, buscava uma consciência nacional, pois não podia nem queria mais continuar a agir como o colono do tempo do império e se considerar "europeu", porém, não podia ser considerado indígena, por causa dos costumes absorvidos da civilização européia.

Quem era então esse homem? Essa era a pergunta que perturbava os intelectuais da época. A literatura nacional participou ativamente dessa "perturbação", tendo grande importância na vida social e na formação da conscientização nacional. Ela, a literatura, passou a olhar para o futuro e quando se remetia ao passado, não o fazia como os românticos europeus, que se baseavam na Idade Média. Mesmo porque o Brasil não teve cavaleiros e damas medievais. O Brasil teve um passado indígena que já estava totalmente perdido e foi para esse passado que a literatura brasileira voltou seus olhos.

Preliminares do Romantismo

Antes de iniciar o trabalho sobre o romantismo, é necessário diferenciar a palavra "Romantismo", grafada com "R" maiúsculo, de "romantismo", com "r" minúsculo, bem como seus derivados. Vale lembrar que o artifício de grafar as palavras com essas formas é apenas uma maneira de melhor explicar os dois termos.
As palavras "Romantismo" e "Romântico", grafadas com "R" maiúsculo, definem o movimento literário que teve origem na Alemanha, com a publicação, em 1774, de "Os sofrimentos do Jovem Werther", de Johan Wolfgang Von Goeth, e na Inglaterra, quando Walter Scott, em 1819, reviveu o passado medieval com "Ivanhoé". No entanto, foi a França, a partir do século XVIII - mais precisamente a partir da Revolução Francesa, em 1789 - que se ocupou da tarefa de difundir o Romantismo pelos demais países europeus.

Esse movimento estético possui, entre outras, as seguintes características:

Rejeição à tradição clássica
Liberdade de criação
Predomínio da emoção sobre a razão
Pessimismo
Culto à natureza
Culto ao fantástico
Já "romantismo", grafada com "r" minúsculo, é uma palavra que não significa um movimento estético, mas sim uma postura perante a vida, ou seja, um modo de ser e de agir. Por isso, pode-se dizer que o "romantismo" existiu mesmo antes de os primeiros ecos Românticos soarem na Europa. Isso quer dizer que sempre existiram os sonhadores, os melancólicos, os exaltados e aqueles que simplesmente se deixam levar pela emoção, não se importando se ela, a emoção, sobrepuja a razão.

Classicismo X Romantismo

Classicismo Romantismo

Classe dominante: nobreza Classe dominante: burguesia
Razão Emoção
Formas poéticas fixas Formas livres
Antigüidade Clássica Idade Média
Geral, universal Particular, individual
Impessoal, objetivo Pessoal, subjetivo
Paganismo Cristianismo
Apelo à inteligência Apelo à imaginação
Disciplina Liberdade de criação
Culto ao real Culto ao fantástico
O amor e a mulher são Subjetivamente idealizados racionalmente

Características gerais do romantismo

O Romantismo, em seu princípio, caracterizava-se por opor-se aos modelos da antigüidade clássica. Essa oposição tem um caráter ideológico muito importante, pois, ao opor-se aos clássicos, o artista Romântico estava abolindo todo tipo de padrão preestabelecido e opondo-se também aos nobres, que, até então, financiavam toda a produção artística. Graças a essa oposição, a arte perdeu o caráter erudito e nobre, passando a assumir um outro, mais popular.

Com isso, o trabalho do artista sofreu transformações: antes, com as obras de encomenda, ele sabia exatamente para quem estava compondo e seguia a forma e os temas tradicionais. Agora, com o Romantismo, seu público é amplo e anônimo e isso faz com que ele desenvolva uma nova linguagem, baseada na imaginação e nos sentimentos, resultando em uma interpretação subjetiva da realidade. A forma estética dos poemas talvez seja a maior expressão dessa ruptura entre o Romantismo e o Classicismo. O verso livre, sem métrica ou estrofação e o verso branco, sem rima, passam a ser usados em larga escala e transformaram-se na maior representação da liberdade idealizada pelos autores Românticos.

Quanto ao conteúdo, o período Romântico é caracterizado por uma evasão no tempo que remete à Idade Média. Essa exaltação ao passado histórico, além de tentar criar um herói nacional, não contaminado pela civilização, também serve para negar o paganismo pregado no período Clássico e afirmar o Cristianismo. Além disso, também há o culto à natureza. No período Árcade, a natureza era apenas um "pano de fundo", mas agora, com o Romantismo, ela é atuante, tem vários significados, chegando a fazer parte do poeta e de seu estado emocional.

O amor, outra caracterísitca fundamental do Romantismo, é visto como a coisa mais importante na vida. A realização do amor traz conseqüências extremas como o suícidio. Já a mulher, objeto do amor Romântico, é idelializada, ou seja, a mulher é um ser perfeito,asemelhando-se muitas vezes a uma deusa.

A característica que talvez seja a mais marcante de todo o período Romântico é o subjetivismo, ou seja, a supervalorização das emoções pessoais, uma espécie de busca do "eu" interior ou o verdadeiro "eu". À medida que essa busca se aprofunda, a concepção de beleza torna-se relativa e o poeta Romântico perde a consciência do coletivo, surgindo assim o egocentrismo (aquele que refere tudo ao próprio eu, tomado como centro de todo o interesse; personalista). Essa supervalorização do "eu" choca-se violentamente com o objetivismo do período Clássico, que era baseado na verossimilhança e na harmonia das formas.

O Egocentrismo choca-se também com a realidade do mundo exterior. Mundo esse que os Românticos ajudaram a construir, mas que não se parece nem um pouco com aquele que eles idealizavam. A derrota do ego é inevitável. Surgem então a melancolia, a angústia, a busca da solidão, a frustração e o tédio, que são seguidos das evasões românticas, ou seja, as fugas da realidade: o álcool; o ópio; as saudades da infância; as idealizações do amor, da sociedade e da mulher. Todas essas evasões, nas quais a emoção sempre supera a razão, têm ida e volta, porém, essa inadaptação à vida leva o Romântico à maior de todas as evasões: a morte.

O Romantismo na Alemanha

Diferentemente do observado em países como a Inglaterra e a França, o Romantismo alemão, que é marcado pela valorização do individualismo, não defendeu os interesses e valores da burguesia. Isso ocorreu porque na Alemanha não havia uma classe média com poder político. Face a isso, alguns estudiosos chegam a dizer que um movimento político como a Revolução Francesa não teria o menor êxito na Alemanha.

Os precursores do Romantismo na Alemanha foram Johan Wolfgang Von Goethe (1749 - 1832) e Johan Christoph Friedrich Von Shiller (1759 - 1805). Eles foram os principais fundadores do movimento literário "Sturn Und Drang" - Tempestade de ímpeto - que lançou pela Europa as bases do Romantismo, ou seja, o pessimismo, a melancolia e a valorização da morte como forma de evasão do indivíduo, que está em conflito com a sociedade e totalmente inadaptado à vida. A partir daí, a literatura passou a ser uma espécie de porta para um mundo misterioso e invisível.
A obra "Os sofrimentos do Jovem Werther", de Goethe, foi uma espécie de modelo, seguido por vários escritores desse período, pois mostra o herói Romântico totalmente inadequado a seu tempo. Devido a profundidade de seu conteúdo, essa obra gerou uma onda de suicídios em toda a Europa.

O Romantismo Alemão foi consolidado com as figuras dos Irmãos August e Carl Wilhelm Friedrich Von Shlegel, além dos escritores Novalis e Johann Cristian Friedrich Hölderlin.

O Romantismo na França

O Romantismo na França teve a função de propagar os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade pregados pela Revolução Francesa. A sociedade dessa época era dividida em duas partes. De um lado estava uma pequena classe dominante, o clero e a nobreza e, do outro, uma grande massa de pessoas entregues à miséria e à opressão. O resultado não podia ser outro, a não ser a explosão de uma Revolução, ocorrida em 1789.
Depois da tomada da Bastilha, símbolo do regime feudal, instaurou-se na França o Novo Estado, que agora poderia propiciar felicidade e garantir liberdade individual para a população.

Os Românticos, que haviam acreditado e se engajado nos princípios revolucionários, logo perceberam que as transformações sociais almejadas não ocorreram e que a liberdade não foi amplamente traduzida em igualdade. Essa "traição" gerou, no Romântico, um sentimento de frustração e desencanto, que marcou a segunda geração Romântica.
Na França as principais figuras desse período foram:

François-René de Chateaubriand (1768-1848)
O escritor e político François-René de Chateaubriand, visconde de Chateaubriand, foi um dos precursores do Romantismo e deixou uma obra que influenciou decisivamente a literatura francesa e européia. Por causa de sua atividade política foi exilado para Londres e, depois de reabilitado, retornou à França, onde seguiu carreira política.
Da obra de Chateaubriand destacam-se: "Génie du Christianisme", onde reuniu escritos como "Atala", "René" e "Les Natchez"; "Itinéraire de Paris à Jérusalem"; "Vie de Rancé"; e a sua primeira obra de peso "Essai Historique, Politique et Moral Sur les Revolutions" (1797). Após a sua morte, e sob o apropriado título, foi publicada as "Mémoires d´Outre-Tombe", (Memórias de Além-Túmulo).


Alphonse de Lamartine (1790-1869)
Além de participar ativamente da política, ocupando cargos de importância, Lamartine conseguiu um grande destaque na poesia com a obra "Meditações Poéticas" (1820). Essa obra é caracterizada por sua linguagem simples e repleta de cenas tipicamente cotidianas. Em 1836 Lamartine lançou dois poemas narrativos: "Jocelyn" e "A Queda de um Anjo".


Alfred de Musset (1810 1857)
Alfred de Musset, considerado por muitos o "menino prodígio do Romantismo" francês, teve sua obra fortemente influenciada por Lord Byron. Foi Musset que, para explicar o pessimismo, o tédio e a melancolia que tomou conta da segunda geração Romântica, utilizou pela primeira vez o termo "mal do século". Musset é um escritor extremamente crítico no que se refere à religião e sua poesia é tão sentimental que, por muitas vezes, chega a ser ridícula. De sua obra poética destacam-se: "Primeiras Poesias" e "Novas Poesias". Além disso, Musset escreveu comédias de teores crítico e satânico.

Victor Hugo (1802-1885)
Victor Marie Hugo é considerado por muitos estudiosos a maior expressão do Romantismo francês. Sua obra mais popular é "O Corcunda de Notre Dame"(1831). No entanto, é em "Os miseráveis", escrito na Inglaterra durante o exílio, que podemos perceber a preocupação que o escritor tinha com a questão da educação. Vitor Hugo não conseguiu fama apenas escrevendo romances. Além de escrever peças teatrais, cujo maior destaque é "Cromwell", de 1827, e ele foi autor de uma extensa obra lírica, que, além de exaltar valores como a pátria e o lar, ainda revelam todo sua popularidade e intimismo.
Da obra lírica de Vitor Hugo destacam-se "Odes e Baladas" (1827); "As Folhas de Outono" (1831); "As Vozes Interiores" e "Os Cantos do Crepúsculo".

O Romantismo na Inglaterra



A Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra entre os anos de 1798 e 1832, determinou o surgimento do proletariado. O aparecimento dessa nova classe social e a incorporação da figura da mulher no mundo cultural favoreceram o nascimento do Romantismo, porque deram origem a um novo público leitor, que buscava nos romances um pouco de realismo, humor, emoções e, sobretudo, novas idéias. Dentre os vários autores desse período destacam-se:


Daniel Defoe (1660 - 1731)
Autor de "As Aventuras de Robinson Crusoé". Esse romance fez tanto sucesso que ele escreveu duas continuações. As obras de Defoe defendiam, por meio da verdade e da edificação social, os valores da sociedade moderna.


Jonathan Swift (1667 - 1745)
Escritor irlandês, crítico mordaz da sociedade e da política de seu tempo, que ridiculariza em sátiras brilhantes, é considerado um dos maiores prosadores da língua inglesa. Nasce em Dublin. Depois de se formar no Trinity College, vai para a Inglaterra e, em 1692, gradua-se em teologia pela Universidade de Oxford. Três anos mais tarde, é ordenado sacerdote da Igreja Anglicana e, em 1713, torna-se deão da catedral de Saint Patrick, em Dublin. Desde 1701, participa ativamente da vida política inglesa, primeiro a favor dos whigs (liberais) e, depois, dos tories (conservadores).


Como escritor, torna-se alvo de admiração e ódio com seus panfletos satíricos, como A Tale of a Tub (A História de um Tonel, 1704), em que ridiculariza as instituições religiosas. Em 1726, publica sua obra-prima, Viagens de Gulliver, sátira aos liberais, aos juristas, às instituições e ao gênero humano em geral. Sucesso imediato, o livro transforma-se num clássico da literatura infantil universal. A intenção dos panfletos satíricos de Swift é defender os interesses da Irlanda contra a aristocracia inglesa. Em 1742 sofre um derrame que o deixa paralítico. Morre em Dublin.


A poesia Romântica inglesa inicia-se com a figura de William Blake (1757 a 1827), um pré-romântico, que influenciou muitos poetas em toda a Europa. Em seus poemas, Blake recria paisagens e situações exóticas e afirma a existência do eu-lírico. Além de Blake temos ainda duas gerações de poetas muito distintas:
A primeira delas, classificada como "lake poets", surgiu, por volta de 1770, em uma região situada à noroeste da Inglaterra, onde há muitos lagos. Os dois nomes de destaque desse movimento foram Willian Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge, autores da obra "Baladas Líricas", que tinha o objetivo de provar que tanto a linguagem culta, quanto a coloquial são capazes de exprimir o sentido da vida;
a segunda geração, também conhecida como poetas malditos ou satânicos, além de influenciar vários poetas em todo o mundo, inclusive os brasileiros, foi caracterizada pela exaltação à liberdade e à rebeldia. Os potas dessa geração morreram ainda muito jovens e distantes de sua pátria. Os que mais se destacaram foram:


Lord George Gordon Byron (1788-1824)
A sua obra e personalidade romântica têm grande repercussão na Europa do início do século XIX. George Gordon Noel Byron nasce em Londres e, em 1798, herda o título nobiliárquico de um tio-avô, tornando-se o sexto Lord Byron. Em 1807, publica Horas de Ócio, livro de poemas mal recebido pela crítica. Com apenas 21 anos, ingressa na Câmara dos Lordes e viaja pela Europa e pelo Oriente, regressando em 1811. No ano seguinte publica o poema A Peregrinação de Childe Harold, sobre as aventuras de um herói e a natureza da península Ibérica, sucesso em vários países europeus. Muda-se para a Suíça em 1816, após o divórcio de Lady Byron, causado pela suspeita de incesto do poeta com sua meia-irmã Augusta Leigh.

Escreve o terceiro canto de A Peregrinação de Childe Harold, O Prisioneiro de Chillon (1816) e Manfred (1817). Transfere-se para Veneza, onde escreve em 1818 Beppo, uma História Veneziana, sátira à sociedade local. Um ano depois, começa o inacabado Don Juan. Torna-se membro do comitê londrino para a independência da Grécia, país para onde viaja em 1823 para lutar ao lado dos gregos contra os turcos. Morre quatro meses depois, em Missolonghi.

Percy Bysshe Shelly (1792-1822)
Percy Bysshe Shelley casou-se e tronou-se pai ainda muito jovem. O movimento Romântico aproximou Percy da figura do pensador e reformista Willian Godwin, pai de Mary Wollstonecraft, com quem Percy fugiu para viver ilegalmente na França e na Suíça até que Harriet, esposa de Percy, matou-se em 1816 e eles puderam, enfim, se casar. Mary e Percy mudaram-se para a Itália em 1818 e, em 1822, o poeta morreu afogado. As obras mais importante de Shelly são "Adonais" e "Prometeu Libertado". Essa última simboliza a luta do homem frente ao poder absoluto.

John Keats (1795 a 1821)
Considerado um dos maiores nomes do romantismo na Inglaterra. Sua obra oscila entre as freqüentes referências à morte e um intenso sentimento de prazer com a vida. Influenciado pelos poetas gregos do período helênico, como Homero, bem como pelos poetas elizabetanos do século XVI, persegue a perfeição estética. Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo romântico, por imagens vibrantes, de grande apelo sensual, e pela expressão de aspectos da Filosofia clássica. Nascido em Londres, fica órfão na infância e passa a ser criado em Edmonton por um tutor, que o transforma em aprendiz de cirurgião. Volta em 1814 para Londres, onde trabalha como assistente de cirurgia em dois hospitais. Em 1817, decide abandonar a Medicina para se dedicar inteiramente à poesia. No mesmo ano, publica seu primeiro livro, Poems, marcado por imagens ultra-românticas, mas não obtém sucesso. Em 1818, lança Endymion e inicia a produção de seu maior poema, Hyperion, que não chega a concluir devido aos primeiros sinais da tuberculose. Não obtém reconhecimento em vida, sendo cultuado apenas após a morte, ocorrida em Roma, quando ele está com apenas 26 anos.


O noivado do Sepulcro

Soares de Passos (1826-1860)

Soares de Passos nasceu no Porto e foi estudar em Coimbra onde fundou o jornal "O Novo Trovador". Nele colaboraram poetas da segunda geração romântica. Os seus poemas foram publicados no ano de 1856 em uma coletânea intitulada "Poesias". Soares de Passos faleceu prematuramente, sendo, no entanto, um dos mais significativos poetas ultra-românticos portugueses. A sua composição mais conhecida é "O Noivado do Sepulcro", que foi muito ironizado pelos escritores realistas.


O Noivado do Sepulcro

Balada

Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar soouu;
Que paz tranqüila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.

Que paz tranqüila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
Dentre os sepulcros a cabeça ergueu.

Ergueu-se, ergueu-se!... na amplidão celeste
Campeia a lua com sinistra luz;
O vento geme no feral cipreste,
O mocho pia na mormórea cruz.

Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.

Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre os ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:

"Mulher formosa, que adorei na vida,
E que na tumba não cessei de amar,
Por que atraiçoas, desleal, mentida,
O amor eterno que te ouvi jurar?

Amor! engano que na campa finda,
Que a morte despe da ilusão falaz:
Quem dentre os vivos se lembrara ainda
Do pobre morto que na terra jaz?

Abandonado neste chão repousa
Há já três dias, e não vens aqui...
Ai, quão pesada me tem sido a lousa
Sobre este peito que bateu por ti!

Ai qão pesada me tem sido!"e em meio
A fronte exausta lhe pendeu na mão,
E entre soluços arrancou do seio
Fundo suspiro de cruel paixão.

"Talvez que rindo dos prostestos nossos,
Gozes com outro d'infernal prazer;
E o olvido cobrirá meus ossos
Na fria terra sem vingança ter!"

— "Ó nunca, nunca!" de saudade infinita,
Responde um eco suspirando além...
— "Ó nunca, nunca!" repetiu ainda
Formosa virgem que em seus braços tem.

Cobrem-lhe as formas divinais, airosas.
Longas roupagens de nevado cor;
Singela c'roa de virgíneas rosas
Lhe cerca a fronte dum mortal palor.

"Não, não perdeste meu amor jurado:
Vês este peito? reina a morte aqui...
É já sem forças, ai de mim, gelado,
Mas ainda pulsa com amor por ti.

Feliz que pude acompanhar-te ao fundo
Da sepultura, sucumbindo à dor:
Deixei a vida... que importava o mundo,
O mundo em trevas sem a luz do amor?

Saudosa ao longe vês no céu a lua?"
— "Ó vejo sim... recordação fatal"
— Foi à luz dela que jurei ser tua
Durante a vida, e na mansão final.

Ó vem! se nunca te cingi ao peito,
Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
Quero o repouso do teu frio leito,
Quero-te unido para sempre a mim!"

E ao som dos pios co cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrado, d'infeliz amor.

Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.

Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletdos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.

Para alguém muito querido!

Ai!
Não sei se é amor!
Mas sinto saudades!
A dor é sua!
Mas também me machuca!
O problema é seu!
Mas também me incomoda!
O tempo passa e você não vem...
Quando chega, logo vai embora!
Quando bebe, eu posso sentir o gosto!
Quando chora, sinto lágrimas em meu rosto.
Nos refugiamos em cemitérios de ilusões...
Nossos cortes se misturam...
Nosso sangue se confunde e nos liberta!
Nos conhecemos por acaso (?)
E de repente, muita coisa mudou.
Deve ser fantasia,
Deve ser ilusão,
Mas é tão bom ter a sua atenção!
Deixar-te sem graça
E distrair a sua dor...
Nosso universo gótico é estranho e vulgar
Mas nos fascina!
Somos românticos!
Pois a morte mais bela é a que envolve o amor!

Não é fácil

Não é fácil
(Marisa Monte)

Não é fácil, não pensar em você
Não é fácil, é estranho
Não te contar meus planos, não te encontrar
Todo dia de manhã enquanto eu tomo o meu café amargo
É, ainda boto fé de um dia te ter ao meu lado
Na verdade, eu preciso aprender
Não é fácil, não é fácil

Onde você anda, onde está você?
Toda a vez que eu saio me preparo para talvez te ver
Na verdade eu preciso esquecer
Não é fácil, não é fácil

Todo dia de manhã enquanto eu tomo o meu café amargo
É, ainda boto fé de um dia te ter ao meu lado
O que eu faço? O que eu posso fazer?
Não é fácil, não é fácil

Se você quisesse ia ser tão legal
Acho que eu seria mais feliz do que qualquer mortal
Na verdade não consigo esquecer
Não é fácil, é estranho

Não vá embora

Não vá embora
(Marisa Monte)

E no meio de tanta gente eu encontrei você
Entre tanta gente chata sem nenhuma graça,
Você veio E eu que pensava que não ia me apaixonar
Nunca mais na vida

Eu podia ficar feio só perdido
Mas com você eu fico muito mais bonito
Mais esperto
E podia estar tudo agora dando errado pra mim
Mas com você dá certo

Refrão:
Por isso não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca maaaais
Por isso não vá, não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais

Eu podia estar sofrendo caído por aí
Mas com você eu fico muito mais feliz
Mais desperto
Eu podia estar agora sem você
Mas eu não queeeero, não quero

Refrão
Que meu grito saia pela tua boca,
Que tuas lágrimas saiam pelos meus olhos,
Sejamos dois vagalumes em uma noite tranqüila.
Voando sem medo,
Descobrindo o mundo,
Pelo menos, o mundo que existe em cada um de nós!


Um beijo, meu morceguinho!
:*

sábado, 4 de outubro de 2008